Jeff Pavanin: 7 destaques da música nacional em 2016

Acho seguro dizer que 2016 foi um ano importante pra música nacional, pois trouxe novos nomes à atenção dos brasileiros e também reforçou a importância que têm os artistas que já trilham seu caminho há algum tempo. Pensando nisso, também levando em consideração a relevância social de alguns, selecionei sete nomes que para mim se destacaram em 2016. Tenho certeza que o cenário musical atual está cheio de bons representantes de igual ou maior importância, então é sempre bom lembrar que essas são somente as minhas impressões.

7. Mahmundi

Mahmundi é Marcela Vale, cantora e compositora que em maio deste ano lançou seu primeiro álbum de estúdio, Mahmundi. Ela já trilhava seu caminho na música de forma independente desde 2012, quando lançou seu primeiro EP, Efeito das Cores, e depois com Setembro, em 2013. Em seu álbum de estreia, Mahmundi traz uma sonoridade animada e de certa forma atmosférica, evocando o clima fresco do verão brasileiro. Pelo menos são essas as sensações que tenho ao ouvir músicas como “Eterno Verão” e “Hit”, os dois primeiros singles do álbum. Clicando aqui e aqui você pode assistir os clipes pras duas músicas. Vale a pena.

6. Anavitória

Coloquei a dupla nessa lista por conta do tanto que ouvi falar nessas garotas durante o ano. O duo formado por Ana Clara Caetano e Vitória Falcão, lançou seu EP de estreia ainda em 2015, mas foi com o álbum homônimo lançado em agosto deste ano que as garotas conquistaram a maior parte de seu público atual. O álbum foi lançado com a ajuda financeira de fãs por meio do site nacional de crowdfunding Catarse e produzido pelo Thiago Iorc. O duo também ficou conhecido pela participação na trilha sonora da novela Malhação, com a música “Agora eu quero ir”, cujo clipe você pode conferir clicando aqui.

5. Pabllo Vittar

Na lista não podia faltar Pabllo, que esse ano conseguiu um destaque ainda maior entre o público brasileiro. Desde o final de 2015 o público LGBT já tinha contato com a drag queen e performer devido ao sucesso do videoclipe de Open Bar, uma versão pop e samba da música "Lean On" (do Major Laser), ganhando inclusive o aval e apoio do próprio Diplo. Mas foi em 2016 que Pabllo conquistou seu maior público, com notórias e ativas participações na mídia. A drag integrou a banda do programa Amor e Sexo, da Rede Globo, como cantora principal da atração e também lançou os clipes de outras músicas de seu EP de estreia, “Minaj” e “Amante”, que você pode conferir na página oficial da drag no Facebook. Recentemente Pabllo também lançou o dançante primeiro single de seu álbum de estreia, Vai Passar Mal, programado pra 2017. O clipe dessa faixa, intitulado “Nêga”, você pode conferir clicando aqui.

4. Rael

Esse é um dos artistas da lista que já estão na música a mais tempo, mas 2016 foi o ano em que eu o ouvi pela primeira vez e foi paixão certa. Talvez ele seja mais conhecido como Rael da Rima, que tem trabalhos lançados desde 2005, quando fazia parte do grupo Pentágono, e em carreira solo desde 2010 com o álbum MPB - Música Popular do 3º Mundo. Rael entrou na minha lista por conta da maturidade de suas músicas, que consegue integrar gêneros como o rap, o reggae e a música popular brasileira de forma única, o que acaba se tornando sua marca registrada. É uma delícia ouvir “Descomunal” e “Aurora Boreal”, que são as minhas favoritas do álbum que lançou este ano, Coisas do Meu Imaginário, produzido por Daniel Ganjaman, também responsável por produzir obras de Criolo, BaianaSystem, Mombojó e outros nomes. Clicando aqui você confere o clipe da faixa “Minha Lei”, também presente no álbum.

3. Liniker e os Caramelows

É notória também a presença de Liniker e os Caramelows nas mídias sociais, nas playlists de destaque de serviços como o Spotify e Deezer e também na televisão brasileira. Presença esta que se faz necessária no cenário musical e social que vivemos hoje, pois a música da banda e a androginia de Liniker chamam atenção pra questões que devem ser cada vez mais discutidas e disseminadas entre pessoas e plataformas sociais. Com “Zero”, single do EP de estreia, Cru, lançado em 2015, a banda rapidamente conquistou milhares de visualizações no YouTube caindo nas graças do público. Em setembro de 2016 lançaram seu primeiro álbum, o Remonta, que conta com algumas músicas já inclusas no EP, além de várias inéditas. O grupo, formado por 6 integrantes, escancara a desconstrução de estereótipos e padrões impostos pela nossa sociedade, ainda bem carregada de preconceitos, fazendo-se parte importante para conscientização dessa e outras temáticas. Clicando aqui e aqui você confere os vídeos de “Zero” e “Caeu” e aqui o clipe da faixa “Prendedor de varal”.

2. Céu

Pra mim é muito fácil falar da Céu, cuja trajetória já acompanho desde 2009, com seu segundo álbum, Vagarosa, mas coloquei ela na lista devido ao destaque e às conquistas de 2016. Foi com seu mais recente trabalho, o Tropix, lançado em março deste ano, que Céu venceu dois prêmios do Grammy Latino (melhor álbum de engenharia de gravação e melhor álbum de pop contemporâneo em língua portuguesa), conquista de grande importância pra uma artista brasileira. Céu vem reunindo indicações e vitórias em prêmios pelo mundo desde 2006 e fica claro seu potencial musical na primeira vez que se escuta algo composto por ela. A maturidade de suas letras, e muitas vezes também a simplicidade, conquistam cada vez mais brasileiros e também o público internacional. Ela tem levado as turnês de seus álbuns pra diversos países e já se apresentou em importantes festivais, como o Coachella, Montreal Jazz Festival, North Sea Jazz, Rock in Rio e San Francisco Jazz. Você pode conferir os clipes das faixas “Perfume do Invisível” e “Varanda Suspensa” clicando aqui e aqui.

1. Karol Conká

É merecidíssimo o primeiro lugar desta lista. Karol Conká, apesar de ter trabalhos lançados desde 2001, conquistou de vez seu lugar na mídia nacional neste ano. Com o lançamento de seu álbum de estreia em 2013, o Batuk Freak, Karol causou impacto forte na crítica especializada, mostrando que tinha de fato chegado “pra incomodar”, palavras da própria. Suas músicas e sua identidade visual refletem sua personalidade forte e colorida, mas também suas raízes, por meio das letras expressivas e da sonoridade carregada de elementos do afrobeat. Desde então ela vem se destacando pela representatividade negra na música nacional e maturidade, que ficam claras em ótimas faixas como “Boa Noite”, “Sandália” e “Gandaia”. Porém, foi com o animado single “Tombei” lançado em parceria com o duo eletrônico Tropkillaz, que Karol começou a firmar seu sucesso com o grande público. Neste ano foi destaque em diversos programas de televisão em que, além de apresentar seus hits, também contou sua trajetória na música e sua história de vida. Em 2017 passará a apresentar a atração Superbonita, do GNT. Sua representatividade na música chamou atenção de importantes artistas como Taís Araújo e Lázaro Ramos, que estrelam o clipe do mais recente single de sua carreira, "Maracutaia", que você pode assistir clicando aqui. Assista também os clipes de “Tombei” e “É o Poder” clicando aqui e aqui. Atualmente Karol prepara o segundo álbum de sua carreira, intitulado Ambulante, com lançamento previsto pra 2017.

Enfim, esse ano a música nacional também foi muito importante pra mim, que passei a conhecer e enaltecer novos artistas e também os veteranos, coisa que eu não fazia com muita frequência nos anos anteriores. Tive a oportunidade de assistir aos shows da Céu e da Karol, e posso dizer que foram duas das experiências mais gratificantes da minha vida até agora. Acho importante a gente dar atenção ao que essas pessoas estão dizendo em suas músicas, refletir, questionar, desconstruir e tomar ciência de questões sociais que muitas vezes a gente não para pra pensar. Comente quais foram os seus destaques na música nacional e se não conhece algum desses que listei, dê uma chance!